AS CONSTITUIÇÕES DE ANDERSON
Os maçons devem considerar este texto como uma lei moral e
fundamental da Maçonaria. O respeito constante e rigoroso destas palavras,
apesar da existência de diversas Potências Maçónicas e em diversos países;
diversas raças: nacionalidades; crenças e opiniões, levam os maçons a
assegurarem a Ordem Maçónica Universal, reconhecendo todos os maçons como
irmãos.
Estas regras são ainda hoje, a ordem moral e
fixam, nas suas linhas, a vida das Grandes Lojas e das Lojas, apontam aos nossos
irmãos os imperativos morais intangíveis. Elas mantêm a ascese maçónica, busca
perpétua da verdade e da justiça, ao abrigo de toda e qualquer querela
religiosa e/ou politica.
I - Deus e Religião
Um Maçon é obrigado, pela sua condição, a
obedecer à lei moral. E, se compreender correctamente a Arte, nunca será um
ateu estúpido nem um libertino sem religião. Mas, embora, nos tempos antigos,
os maçons fossem obrigados, em cada país, a ser da religião desse país ou
nação, qualquer que ela fosse, julga-se agora mais adequado obrigá-los apenas
àquela religião na qual todos os homens concordam, deixando a cada um as suas
convicções próprias: isto é, a serem homens bons e leais ou homens honrados e
honestos, quaisquer que sejam as denominações ou crenças que os possam
distinguir. Por consequência, a Maçonaria converte-se no Centro de União e no
meio de conciliar uma amizade verdadeira entre pessoas que poderiam permanecer
sempre distanciadas.
II - Magistrado Civil Supremo e Subordinado
Um Pedreiro é um súbdito tranquilo do poder
civil, onde quer que resida ou trabalhe e nunca deve imiscuir-se em planos e
conspirações contra a paz e o bem-estar da nação, nem comportar-se
indevidamente para com os magistrados inferiores. Porque, como a Maçonaria tem
sido sempre prejudicada pela guerra, a efusão de sangue e a desordem, assim os
antigos reis e príncipes dispuseram-se a encorajar os artífices por causa da
sua tranquilidade e lealdade, por meio das quais respondiam, na prática, às
cavilações dos adversários e concorriam para a honra da Fraternidade, sempre
florescente em tempo de paz.
Eis porque, se um irmão for rebelde para com o
Estado, não deve ser apoiado na sua rebelião conquanto possa ser lamentado como
um infeliz; e, se não for culpado de nenhum outro crime, embora a Fraternidade
leal deva e tenha de rejeitar a sua rebelião e não dar sombra ou base de
desconfiança política ao governo existente, não pode expulsá-lo da loja e a sua
relação para com ela permanece indefectível.
III - Lojas
Uma Loja é o local onde se reúnem e trabalham
pedreiros. Portanto, toda a assembleia ou sociedade de pedreiros, devidamente
organizada, é chamada loja, devendo todo o irmão pertencer a uma e estar
sujeito ao seu regulamento e aos regulamentos gerais. Uma loja é particular ou
geral e será melhor entendida pela sua frequência e pelos regulamentos da loja
geral ou Grande Loja, adiante apensos. Nos tempos antigos, nenhum mestre nem
companheiro se podia ausentar dela, especialmente quando avisado para
comparecer, sem incorrer em severa censura, a menos que parecesse ao mestre e
aos vigilantes que a pura necessidade o impedira.
As pessoas admitidas como membros de uma loja
devem ser homens bons e leais, nascidos livres e de idade madura e discreta,
nem escravos, nem mulheres, nem homens imorais ou escandalosos, mas de boa
reputação.
IV - Mestres, Vigilantes, Companheiros e Aprendizes
Toda a promoção entre pedreiros é baseada apenas
no valor real e no mérito pessoal, afim de que os senhores possam ser bem
servidos, os irmãos não expostos à vergonha e a arte real não seja desprezada.
Portanto, nenhum mestre nem vigilante é
escolhido por antiguidade, mas pelo seu érito. Torna-se impossível descrever
estas coisas por escrito, e cada irmão deve ocupar o seu lugar e aprendê-las na
maneira própria desta Fraternidade. Fiquem apenas sabendo os candidatos que
nenhum mestre deve iniciar aprendizes a menos que tenha ocupação bastante para
ele e a menos que se trate de um jovem perfeito, sem mutilação nem defeito no
corpo que o torne incapaz de aprender a arte, de servir o senhor do seu mestre,
e de ser feito irmão e depois companheiro em tempo devido, mesmo após ter
servido o número de anos consoante requeira o costume do país; e que ele
provenha de pais honestos; de maneira que, quando qualificado para tal, possa
ter a honra de ser vigilante, depois mestre da loja, grande vigilante e, por
fim, grão-mestre de todas as lojas, conforme ao seu mérito.
Nenhum irmão pode ser vigilante sem ter passado
pelo grau de companheiro; nem mestre sem ter actuado como vigilante; nem
grande-vigilante sem ter sido mestre de loja; nem grão-mestre a menos que tenha
sido companheiro antes da eleição, e que seja de nascimento nobre ou gentleman
da melhor classe ou intelectual eminente ou arquitecto competente ou outro artista
saído de pais honestos e de grande mérito singular na opinião das lojas.
E para melhor, mais fácil e mais honroso
desempenho do cargo, o grão-mestre tem o poder de escolher o seu próprio
grão-mestre substituto, que deve ser ou deve ter sido mestre de uma loja
particular e que tem o privilégio de fazer tudo aquilo que o grão-mestre, seu
principal, pode fazer, a menos que o dito principal esteja presente ou
interponha a sua autoridade por carta.
Estes dirigentes e governadores, supremos e
subordinados, da antiga loja, devem ser obedecidos nos seus postos respectivos
por todos os irmãos, de acordo com os velhos preceitos e regulamentos, com toda
a humildade, reverência, amor e diligência.
V - Gestão do Ofício no Trabalho
Todos os pedreiros trabalharão honestamente nos
dias úteis para que possam viver honradamente nos dias santos; e observar-se-á
o tempo prescrito pela lei da terra ou confirmado pelo costume.
O mais apto dos companheiros será escolhido ou
nomeado mestre ou inspector do trabalho do Senhor; e será chamado mestre por
aqueles que trabalham sob ele. Os obreiros devem evitar toda a linguagem
grosseira e não se tratar por nomes descorteses, mas sim por irmão ou
companheiro; e devem comportar-se com urbanidade dentro e fora da loja.
O mestre, conhecendo-se a si mesmo capaz de
destreza, empreenderá o trabalho do Senhor tão razoavelmente quanto possível e
utilizará fielmente os materiais como se seus fossem; não dará a irmão ou
aprendiz maiores salários dos que ele, realmente, possa merecer.
Tanto o mestre como os pedreiros, recebendo os
seus salários com exactidão, serão fiéis ao Senhor e terminarão o trabalho
honestamente, quer ele seja à tarefa quer ao dia; não converterão em tarefa o
trabalho que costume ser ao dia.
Ninguém terá inveja da prosperidade de um irmão,
nem o suplantará, nem o porá fora do trabalho se ele for capaz de o terminar;
porque nenhum homem pode terminar o trabalho de um outro com o mesmo proveito
para o Senhor a menos que esteja completamente familiarizado com os desenhos e
planos daquele que o começou.
Quando um companheiro for escolhido como
vigilante do trabalho sob o mestre, será leal tanto para com o mestre como para
com os companheiros, vigiando zelosamente o trabalho na ausência do mestre,
para proveito do Senhor; e os seus irmãos obedecer-lhe-ão.
Todos os pedreiros empregados receberão o
salário em sossego, sem murmurar nem se amotinar, e não abandonarão o mestre
até o trabalho estar concluído.
Cada irmão mais jovem será instruído no
trabalho, para se evitar que estrague os materiais por falta de conhecimento e
para aumentar e continuar o amor fraternal.
Todas as ferramentas usadas no trabalho serão
aprovadas pela Grande Loja.
Nenhum outro trabalhador será empregado no
trabalho próprio da Maçonaria; nem os pedreiros-livres trabalharão com aqueles
que não forem livres, salvo necessidade urgente; nem ensinarão trabalhadores e
pedreiros não aceites como ensinariam um irmão ou um companheiro.
VI - Conduta
1. Na Loja, enquanto constituída:
Não organizareis comissões privadas nem
conversações separadas sem permissão do mestre, nem falareis de coisas
impertinentes nem indecorosas, nem interrompereis o mestre nem os vigilantes
nem qualquer irmão que fale com o mestre; nem vos comportareis jocosamente nem
apalhaçadamente enquanto a loja estiver ocupada com assuntos sérios e solenes;
nem usareis de linguagem indecente sob qualquer pretexto que seja; mas antes
manifestareis o respeito devido aos vossos mestres, vigilantes e companheiros e
venerá-los-eis.
Se surgir alguma queixa, o irmão reconhecido
culpado ficará sujeito ao juízo e à decisão da loja, a qual constitui o juiz
próprio e competente para todas as controvérsias desse tipo (salvo se seguir
apelo para a Grande Loja) e à qual elas devem ser referidas, a menos que o trabalho
do Senhor seja no entretanto prejudicado, motivo pelo qual poderá usar-se de
processo particular; mas nunca deveis recorrer à lei naquilo que respeite à
Maçonaria sem absoluta necessidade, reconhecida pela loja.
2. Conduta depois de a Loja ter encerrado e
antes dos irmãos terem partido:
Podeis divertir-vos com alegria inocente,
convivendo uns com os outros segundo as vossas possibilidades. Evitai porém
todos os excessos, sem forçar um irmão a comer ou a beber para além dos seus
desejos, sem o impedir de partir quando o chamarem os seus assuntos e sem dizer
ou fazer qualquer coisa ofensiva ou que possa tolher uma conversação afável e
livre. Porque isso destruiria a nossa harmonia e anularia os nossos louváveis
propósitos. Portanto, não se tragam para dentro da porta da loja rancores nem
questões e, menos ainda, disputas sobre religião, nações ou política do Estado.
Somos apenas pedreiros, da religião universal atrás mencionada. Somos também de
todas as nações, línguas, raças e estilos e somos resolutamente contra toda a
política, como algo que até hoje e de hoje em diante jamais conduziu ao
bem-estar da loja. Esta obrigação sempre tem sido prescrita e observada e, mais
especialmente, desde a Reforma na Grã-Bretanha, ou a dissenção e secessão
destas nações da comunhão de Roma.
3. Conduta quando irmãos se encontram sem
estranhos mas não em loja formada:
Deveis cumprimentar-vos uns aos outros de
maneira cortês, como vos ensinarão, chamando-vos uns aos outros irmãos,
dando-vos livremente instrução mútua quando tal parecer conveniente, sem serdes
vistos nem ouvidos e sem vos ofenderdes uns aos outros nem vos afastardes do
respeito que é devido a qualquer irmão, mesmo que não fosse pedreiro. Porque
embora todos os pedreiros sejam como irmãos, ao mesmo nível, a Maçonaria não
retira ao homem a honra que ele antes tinha; pelo contrário, acrescenta-lhe
honra, principalmente se ele bem mereceu da Fraternidade, a qual deve conceder
honra a quem for devida e evitar as más maneiras.
4. Conduta na presença de estranhos não pedreiros:
Sereis prudentes nas vossas palavras e atitudes,
a fim de que o mais penetrante dos estranhos não seja capaz de descobrir ou
achar o que não convém sugerir; por vezes desviareis a conversa e
conduzi-la-eis com prudência, para honra da augusta Fraternidade.
5. Conduta em casa e para com os vizinhos:
Deveis proceder como convém a um homem moral e
avisado; em especial, não deixeis família, amigos e vizinhos conhecer o que
respeita à loja, etc. mas consultai prudentemente a vossa própria honra e a da
antiga Fraternidade por razões que não têm aqui de ser mencionadas. Deveis
também ter em conta a vossa saúde, não vos conservando fora de casa, depois de
terem passado as horas de loja; evitai os excessos de comida e de bebida, para
que as vossas famílias não sejam negligenciadas nem prejudicadas e vós próprios
incapazes de trabalhar.
6. Conduta para com um irmão estranho:
Deveis examiná-lo com cuidado, da maneira que a
prudência vos dirigir de forma que não vos deixeis enganar por um ignorante e
falso pretendente, a quem rejeitarei com desprezo e escárnio, evitando dar-lhe
quaisquer sinais de reconhecimento.
Contudo, se descobrirdes nele um irmão
verdadeiro e genuíno, então deveis respeitá-lo; e, se ele tiver qualquer
necessidade, deveis ajudá-lo se puderdes ou então dirigi-lo para quem o possa
ajudar. Deveis empregá-lo durante alguns dias, ou recomendá-lo para que seja
empregado. Mas não sois obrigado a ir além das vossas possibilidades, somente a
preferir um irmã pobre, que seja homem bom e sincero, a quaisquer outros pobres
em idênticas circunstâncias.
Finalmente, todas estas obrigações são para
observardes, e assim também as que vos serão comunicadas por outra via;
cultivando o amor fraternal, fundamento e remate, cimento e glória desta antiga
Fraternidade, evitando toda a disputa e querela, toda a calúnia e maledicência,
não permitindo a outros caluniar um irmão honesto, mas defendendo o seu
carácter e prestando-lhe todos os bons ofícios compatíveis com a vossa honra e
segurança e não mais. E se algum deles vos fizer mal, dirigi-vos à vossa
própria loja ou à dele; e daí, podeis apelar para a Grande Loja, aquando da
Comunicação Trimestral, e daí para a Grande Loja anual, como tem sido a antiga
e louvável conduta dos nossos antepassados em todas as nações; nunca recorrendo
à justiça a não ser quando o caso não se possa decidir de outra maneira, e
escutando pacientemente o conselho honesto e amigo de mestre e companheiros
quando vos queiram impedir de recorrerdes à justiça com estranhos ou vos
incitar a pordes rapidamente termo a todo o processo, a fim de que vos possais
ocupar dos assuntos da Maçonaria com mais alacridade e sucesso; mas com
respeito aos irmãos ou companheiros em juízo, o mestre e os irmãos devem com
caridade oferecer a sua mediação, a qual deve ser aceite com agradecimento
pelos irmãos contendores; e se essa submissão for impraticável, devem então
continuar o seu processo ou pleito sem ira nem rancor (não na maneira usual),
nada dizendo ou fazendo que possa prejudicar o amor fraternal, e renovando e
continuando os bons ofícios; para que todos possam ver a influência benigna da
Maçonaria e como todos os verdadeiros pedreiros têm feito desde os começos do
mundo e assim farão até ao final dos tempos.
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